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Uma vez uma amiga disse-me que efectivamente não via o interesse em inscrever-se em actividades onde a cara-metade não participasse. Fiquei dividida entre a pura inveja por encontrar um amor assim tão arrebatador e o puro horror perante a possibilidade da saúde mental da minha amiga já ter conhecido melhores dias.
A verdade é que tudo terá peso, conta e medida. Não acredito que a alienação de gosto próprio dê saúde a alguém, tal como não acredito que levar constantemente a sua vontade avante seja salutar para quem quer que seja. Ah mas o equílibrio, que difícil é o equilíbrio...
A maior parte das minhas colegas de ginásio são casadas. Quase todas têm filhos. Não foi uma, nem duas vezes que ouvi : ah foi o meu marido/os meus filhos que insistiram para eu vir... Desenganem-se se pensam que há por esse país fora companheiros furibundos com o facto das respectivas gastarem uma hora, algumas vezes por semana, em actividades desportivas. Acredito que resmunguem qb, dado nessas horas a gestão familiar calhar-lhes em rifa, mas não creio que seja algo por aí além. Até porque uma mulher, quando vem do ginásio vem bem-disposta, com muito pouca apetência para discutir. Para além disso vem a sentir-se bem, gira, certa que pelo menos algumas gramas já eram, com a auto-confiança lá em cima. E o homem começa a aperceber-se que isso só lhe traz vantagens, oh se traz...
Peso, conta e medida. Tempo para ela, tempo para ele, tempo para ambos.
Claro que há sempre quem não aceite. Especialmente se não foi habituado a isso. Eu só me lembro do que uma conhecida minha, expert nestas andanças dos sentimentos, dizia sempre : Se não quer saber a resposta, não faça a pergunta.
Quem me conhece sabe que demonstro afectos através de risadas e ironias. Podia dar-me para a lamechice mas não... Dá-me mesmo para a brincadeira. Isso não quer dizer que os meus afectos sejam ligeiros. São seríssimos e gravemente arraigados no orgão que se designou guardião destas coisas sérias. Apenas gostam de se mascarar, num carnaval folião eterno.
O melhor presente que podemos receber são pessoas. É verdade, pessoas. Inteirinhas, cheias de qualidades e defeitos e sem garantia vitalícia. E aqui a Mulher tem tanta sorte que recebeu, quando menos esperava, um presente destes, grande, mas tão grande, que ainda hoje o desembrulha e continua a descobrir coisas novas. Todos os dias.
Quando entrei para o Condicionamento Total, literalmente arrastada por uma amiga e com todas as ideias pré-concebidas sobre aulas de grupo, não estava à espera que aquelas mulheres, e outras que entretanto foram por ali surgindo, se tornassem parte crucial da minha vida. E hoje em dia, posso eu viver sem elas? Como dizia o outro, poder, podia, mas não era a mesma coisa. A nossa companheira de luta ( pelo bikini... ) preocupa-se connosco. Olha para nós e sabe logo se estamos bem ou mal, até porque não há camuflagem maquilhagem que resista aos 10 minutos de aquecimento. Puxa-nos as orelhas se faltamos às aulas até por uma questão de sofrimento solidário... A dor aguenta-se muito melhor em companhia. Motivamo-nos umas às outras pois estamos, de qualquer modo, todas a fazer a mesma figura... Todas (muito) diferentes, todas iguais. A lycra é um elemento nivelador do caneco...
A verdade é que damos o nosso melhor entre risadas. E não há neura que resista.
Tudo isto a propósito deste post que vi.
Isto é muito, muito verdade. Experimentem. Vão ver que ainda arranjam amigas para a vida. Eu arranjei.
( E tão cedo não me apanham a escrever coisas lamechas, ouviram? Love you all, miúdas . )
Não há cá milagres, não há pão para malucos, não há almoços grátis.Conheci um padre que contava muitas vezes a seguinte história anedótica : Um fiel todos os dias orava fervorosamente... Senhor, que me saia a sorte grande, faz com que ganhe na lotaria, oh Senhor, precisava tanto, atende a minha prece Senhor! Até que Deus, farto de ouvir a mesma lenga-lenga, responde-lhe : Mas olha lá, importas-te de pelo menos comprar um bilhete?
É assim. Queremos tudo rápido, fácil e indolor. Fazemos batota, se preciso for. Marcamos cartas, tiramos Ases da manga e viciamos dados. E ficamos revoltadíssimos se a coisa não corre de feição.
Não há quem nos compreenda.
A Mulher ia contente, contente da vida, para a sua aula de Kick Power, que tão bem lhe faz à alma. Cheia de saudades, pois há duas semanas que faltava à modalidade, entra de rompante na sala. Olha para os colegas, toda satisfeita, coloca-se no lugar disponível, e depois é que repara que a professora não é a mesma. Oh lá... o que é isto... A professora sorri : É a primeira vez? É fácil, não se preocupe.
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Meus amigos, nada me tinha preparado para aquela aula endemoinhada. Nem o ar simpático da professora nem o cronómetro aparentemente inofensivo na sua mão...
Quando todos começaram aos pulos como se possuídos por entidades menos benévolas, eu ainda consegui perguntar ao meu colega : O que raio é isto? Hiit, respondeu ele, Hiit. Devia ter visto logo que pelo nome, coisa boa não saíria dali.
High Intensity Training, fiquem sabendo. E é tão doloroso quanto soa. Trata-se de pequenas séries de exercícios breves ( breves, como quem diz, que a mim nunca 20 segundos me pareceram tão longos ) e de alta intensidade. Parecem muito simples mas aquilo custa oh se custa.
A Mulher aguentou-se como pôde, mais para não dar parte de fraca em frente aos colegas, que isto de ser orgulhosa é uma coisa muito triste, fez trapaça enquanto a professora não estava a ver, e ponderou várias vezes sair dali. Não a correr, que não conseguiria, mas a rastejar. Ah mas o orgulho....
Hoje dói-me tudo, meus amigos,todos os músculozinhos, e sobretudo dói-me a alma. Uma pessoa julga que é uma grande atleta porque faz exercício 4 vezes por semana e vai-se a ver... é isto. Shame on you, Woman, shame on you...
-Ó Sr. Dr. , sinto-me tão mal...
-Então?
-De vez em quando sinto assim um vazio, uma tristeza, como se tivesse um peso em cima, tá a ver?
-Hummmm
-Outras vezes sou acometida por uma raiva contra tudo e todos, é no trabalho, é em casa... Já nem posso ver os miúdos e o meu marido, coitado, não sabe o que há-de fazer comigo...
-Hummmmm
-Já não sei o que hei-de fazer, sabe, eu não era nada assim, não compreendo...
-Huummmmm
-E depois também não gosto nada de me ver, engordei 6 kgs, dá-me para comer, tenho uma fome, Sr.Dr., uma fome...
-Hummmmmm
-E então Dr, acha que é grave?
-Ai é, é..
-E o que é que eu faço?
-Duas aulas por semana. Uma de Zumba e uma de Kick. Em SOS passa a duas cada.
-Obrigada Sr. Dr.
-De nada. Seguinteeeeeeeeeeee!
E se por acaso sois dos arrabaldes de Sintra, aqui, aqui é que é...
Para o Kick Power:
Os meus instrutores são do best mas pronto, há-de haver outros assim tão bons, vá... ;-)
Já falei aqui da minha iniciação ao Kick Power. Mas o meu clube, por problemas logísticos, acabou por não prosseguir com as aulas para já. Isto foi como tirar um doce das mãos de uma criança! Oh meus amigos, que crueldade! Então uma pessoa descobre uma actividade digna de expulsar o stress de qualquer alminha e depois é isto??? Mas a Mulher não é mulher de baixar os braços. E foi à procura do instrutor, Rui Carlos de seu nome, que lhe tinha mostrado a luz. E encontrou-o. Na aula de Kick Power no Indice Gym, no Cacém. Ginásio este com um ambiente familiar muito bom, diga-se em bem da verdade, se moram na zona está recomendadíssimo. E então como o coração da Mulher é grande e cabem lá bem dois amores, ela inscreveu-se. A carteira , que não possui esta tolerância e grandeza do coração, refila oh se refila. Mas a Mulher tem esta convicção de que antes em ginásios que em panóplia medicamentosa com que se entopem as gentes de hoje em dia com angústias existenciais. E lá anda, feliz e contente. E estoirada. ;-)
Já falei aqui da minha relutância em frequentar a sala de musculação do ginásio. Assustam-me as máquinas, os pesos, os bícepes em geral que pululam pela área. Mas lá estava eu, com o índice depressivo a subir em flecha, ainda a sofrer os efeitos de não ter ido ao Condicionamento Total no dia anterior. E então pensei : que se lixe, pior não vou ficar. Esta minha teoria do saiam-da-frente-aí-vou-eu já me tem causado alguns transtornos mas vá, desta vez não. Lá fui corajosamente, confesso que ainda parei a meio, subi aquelas escadas a pensar " ao menos que lá esteja uma menina, só uma menina..." . Deve ser, deve... Cá uma sorte...
Música ambiente : Aerosmith, AC/DC, Alanis Morissette .Suponho que estávamos no A da play-list. Menos mal, menos mal, pelo menos já se ouve alguma coisa de jeito.
Bicicleta. Franzo o sobrolho, eu não gosto de bicicleta, ainda por cima pedalar sem ir para lado nenhum, parece a minha vida, resmungo de mim para mim... Pois é, esta foi a última reflexão profunda que tive sobre a vidinha dado que aquele assento da bicicleta estava altíssimo ( apesar do instrutor, um querido, me explicar pacientemente que aquela era a altura ideal, eu até acreditei, o meu traseiro é que não...) e tive outras preocupações mais prementes.
Eliptica. Ui, máquinas com luzinhas. O tempo que aquelas luzinhas demoram a passar para o nível seguinte. Só comparável aos dígitos das senhas das consultas externas do Hospital Fernando Fonseca, digo-vos eu. E sádicas, ainda por cima! Começo a olhar, hummm, calorias... calorias?? Isto são as calorias que eu estou a perder? Estou aqui há que tempos e só perdi 55 calorias?? Eu nem como nada que tenha só 55 calorias! Cerro os dentes, eu já te digo as calorias...
Abdominais. Ah, área que domino. Um clássico, portanto. Vamos lá, que o biquini está à nossa espera.
Instrutor : Por hoje já chega. Já?? Então mas ainda tenho tanto para dar! Olho para o relógio, já passou uma hora?
E não é que eu consegui mesmo?
Há coisas...
;-)
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