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" Na sua reflexão sobre o cómico, Hegel diz que o verdadeiro humor é impensável sem o infinito bom humor, ouve bem, é o que ele diz com todas as letras "infinito bom humor"; "unendliche Wohlgemutheit". Não a chacota, não a sátira, não o sarcasmo. Somente a partir das alturas do infinito bom humor podes observar abaixo de ti a eterna estupidez dos homens e rires-te dela. "
Milan Kundera, A Festa da Insignificância
O meu pai era a pessoa mais bem-humorada que eu conheci. Nada o abatia. Por muitas tormentas que atravessasse, e que vidinha tumultuosa ele tinha, acordava invariavelmente bem disposto, sorridente para a vida. Ria dos outros e dele próprio com muito gosto e satisfação. A verdade é que somos ridículos, infinitamente ridículos na nossa pequenez, que mascaramos de gestos e teimosias convictamente arraigados em pensamentos e convicções... ridículos. Como se fossemos imortais.
O meu pai riu-se até ao fim.
Nos seus últimos dias, estava ele na unidade de cuidados intensivos , quando o aparelho que normalmente se coloca no dedo indicador, caiu. A auxiliar de enfermagem passou e tentou colocá-lo. A menina escusa de andar à procura da moedinha, que eu não tenho...disse-lhe.
O meu pai via o mundo com olhos de rir .
Eu faço o mesmo.
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